De acordo com o que tem sido divulgado pela imprensa, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) enfrenta problemas financeiros e, por isso, não tem conseguido produzir a quantidade de radiofármacos suficientes para abastecer muitos hospitais brasileiros. Esse problema teria sido causado por um corte de verbas federais. Mas, deixando as questões políticas e econômicas de lado, você sabe o que são os radiofármacos?
1- Radiofarmácia
A Radiofarmácia está relacionada com a descoberta dos raios X por Wihelm Conrad Roentgen em seu laboratório em 1895. Além de Roentgen, outros pesquisadores contribuíram com destaque para o desenvolvimento da área, dentre eles Marie e Pierre Curie e Henri Becquerel.
Isso possibilitou o avanço de pesquisas e os radionuclídeos (átomos que possuem instabilidade no núcleo e que se desintegram espontaneamente emitindo radiação) foram inicialmente utilizados em humanos por Blumgart e Yens em 1927 (BRASIL, 2019)
Os radiofármacos são compostos radioativos que possuem um radionuclídeo responsável pela emissão de radiação ligado quimicamente a uma molécula não-radioativa que apresenta afinidade biológica por um determinado órgão ou sistema, com finalidade de diagnostico ou terapêutica (VITAL et al 2019).
2- Aplicações dos radiofármacos
2.1 Terapia
No tratamento de doenças, utiliza-se a propriedade de instabilidade nuclear do radionuclídeo e consequente emissão de radiação ionizante para promover um ataque direcionado, atingindo alvos específicos tumorais tais como, por exemplo, o câncer da tireoide, linfomas ou metástases ósseas. A terapia com radionuclídeos tem por objetivo curar, mitigar e/ou controlar um processo patológico, observando-se poucos eventos adversos e efeitos colaterais. O mecanismo da destruição consiste no poder de ionização das radiações corpusculares. Quando a célula tumoral absorve o radionuclídeo, seu DNA pode ser danificado pela ação direta da radiação, que resulta na quebra das fitas duplas (DNA) contendo as bases nitrogenadas ou indireta, por meio da formação de radicais livres após a interação da radiação com as moléculas de água presentes nas células (Brasil, 2019).
Os radiofármacos utilizados com o intuito de promover terapia de uma doença específica precisam possuir em sua estrutura um radionuclídeo que atenda as seguintes características: ser emissor de radiação particulada, como (beta (β-) e alfa (α), e com energia maior que 500 keV; ter capacidade de se concentrar o mais especificamente possível no tecido alvo para transferir a ele uma alta taxa de dose de radiação para destruí-lo, não prejudicando os tecidos sadios adjacent
es. Nesse caso, o radiofármaco pode também promover efeito farmacológico. Em relação à meia-vida do radionuclídeo, alguns fatores devem ser considerados, dentre eles, a cinética de concentração no tecido alvo. É importante que haja uma compatibilidade entre o tempo necessário para o radiofármaco se concentrar no tecido alvo e a meia-vida efetiva do radionuclídeo (Brasil, 2019). Atualmente, os radionuclídeos mais utilizados para tratamento e as suas indicações são apresentados no Quadro abaixo.
2.2 Diagnóstico por imagem
O diagnóstico feito com a administração de radiofármacos é a área mais consolidada da radiofarmácia, representando, aproximadamente, 95% de todos os procedimentos em medicina nuclear. As imagens são adquiridas por meio da radiação emitida pelo radiofármacos presente no organismo, diferentemente das técnicas de imagens convencionais. De acordo com o tipo de emissão do radionuclídeo de interesse, as imagens de bases moleculares podem ser adquiridas por duas técnicas PET e SPECT, as quais permitem avaliar, qualitativa e quantitativamente, a morfologia e a atividade metabólica ou fisiológica de um determinado órgão ou sistema. Em resumo, as imagens obtidas por SPECT e PET constituem-se em procedimentos de diagnóstico seguro, eficaz, pouco invasiva e de alto valor de precisão para estudo de diferentes sistemas contribuindo com inúmeros benefícios para o paciente (Vital et al 2019).
Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET)
A PET é um método diagnóstico que cria imagens tridimensionais e tomográficas da distribuição no organismo de radioisótopos emissores de pósitrons que foram injetados. O pósitron é uma partícula equivalente a um elétron, porém com carga positiva. Utiliza-se glicose ligada a um elemento radioativo (normalmente flúor radioativo) e injeta-se no paciente. As regiões que estão metabolizando essa glicose em excesso, tais como tumores, cérebro e músculo cardíaco que estão em intensa atividade aparecerão em vermelho na imagem criada pelo computador. As imagens obtidas por PET são mais nítidas que os demais estudos de medicina nuclear e apresentam informações não apenas morfológicas, mas, principalmente, do estado funcional dos órgãos (Wikiwand, 2021).
Assim, essa ferramenta proporciona a imediata correlação anatômica dos achados, facilitando a identificação de doenças, bem como a diferenciação entre alterações benignas e malignas, definindo com precisão, por exemplo, o melhor local para uma biópsia. Além de procedimentos para fins de diagnóstico oncológico, o PET/CT também é utilizado em especialidades de neurologia, cardiologia e endocrinologia, entre outras, sendo capaz de detectar problemas neurológicos, como o Alzheimer e epilepsia, e verificar problemas cardíacos e processos infecciosos (Dorow & Medeiros, 2019)
Tomografia Computadorizada por emissão de Fóton Único (SPECT)
Dependendo do órgão ou tecido em questão, a tomografia por emissão de pósitrons (PET) pode identificar alterações corporais no nível celular e, possivelmente, detectar o início precoce da doença. A principal diferença entre SPECT e PET é o tipo de marcador usado para gerar imagens. O SPECT usa um único emissor de fótons (partícula de energia) , enquanto o PET pósitron usa um emissor de pósitrons que emite 2 fótons (Ge Healthcar, 2021). O SPECT trás os seguintes benefícios:
1- Melhor detecção de lesão: um estudo indicou que o SPECT/CT apresenta melhor desempenho na avaliação de tumores endócrinos e neuroendócrinos, com melhor visualização e caracterização da lesão (Ge Healthcar, 2021).
3- Aquisição de imagem mais rápida: Embora dependa do tipo de aquisição a ser administrada, alguns exames SPECT/CT levam de 30 a 45 minutos. Por outro lado, aquisições no PET/CT podem levar até duas horas (Ge Healthcar, 2021).
Referências:
4- Instituo Nacional Del áncer - https://www.cancer.gov/espanol/noticias/temas-y-relatos-blog/2020/radiofarmacos-radioterapia-cancer - Acessado em 28/09/2021, às 10:23.
6-https://www.wikiwand.com/pt/Tomografia_por_emiss%C3%A3o_de_positr%C3%B5es -Acessado em28/09/2021 à 10: 35.
7 - https://www.neurologyadvisor.com/topics/neurodegenerative-diseases/pet-scans-distinguish-alzheimer-disease-from-other-neurodegenerative-diseases/ - Acessado em28/09/2021 à 10: 48.
8- https://www.gehealthcare.com.br/short-article/how-spectct-saves-timeAcessado em28/09/2021 à 11:30
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